Colossais paredes de marfim
Virgens, sem relevo
Munido de pincel de cetim
Me atrevo
Em canvas, salpicos
Tais padrões infinitos
São tão altas as paredes
Onde se cheiram as cores
De pretéritos amores
Imperfeitos autores
Dentro desse palácio
Existem diversos quartos
Dois coloridos de magenta
Outros dois sabor a menta
Um, só um, de fluorescente
E outros tantos, com farto espaço
Sem Rembrandt ou Picasso
Na sala ao lado da entrada
Em luz meio que desvanecida
Brilhantes promessas esvoaçam
Em morosa e sublime sincronia
Da copiosa filosofia
E lá, mais apartado e longínquo
Um lugar soturno e aquoso
Onde não rumo
Onde cheiro sombra
De quem se rendeu, presumo
Não me retiro sem antes
Tingir mais um pouco
Sem antes escudar o marfim
E à parede, jogar me
Com todos os tons do jardim
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